domingo, 14 de junho de 2009

Origens da Dança do Ventre

por Coordenação Espaço Anima

por Vanessa Reichert

Vanessa Reichert



A origem da dança do ventre é envolta de incertezas, pois é uma dança muito antiga e sem muitos registros, mas um dos prováveis berços dessa arte é a antiga civilização Suméria. A Turquia e a Índia apresentam alguns dos registros mais antigos de movimentos e cultos que evoluíram para o que conhecemos hoje como essa modalidade. Algumas das antigas civilizações do Oriente Médio utilizavam a dança como uma forma de cultuar seus deuses, nos templos era usada para entrar em transe e permitir uma comunicação direta com o mundo espiritual. Os deuses da Antigüidade muitas vezes eram representações das forças da natureza, como a chuva, o sol, a lua, etc. Mas existia também uma força superior a todas essas: a Grande Deusa, que teria gerado em seu útero tudo o que existe, como explica Patrícia Bencardini:

Sabe-se que a dança do ventre tem suas raízes ligadas aos templos. Acreditava-se em uma grande deusa, mãe de todos os seres humanos e de toda a terra. Era ela quem alimentava a terra tornando-a fértil para a lavoura. Nos rituais em sua homenagem, sacerdotisas expunham seus ventres sagrados fazendo-os dançar, vibrar e ondular. Era a forma de garantir prosperidade e fertilidade para a terra e para as mulheres (BENCARDINI, 2002).

No antigo Oriente, antes das civilizações judaico-cristãs, as religiões eram politeístas e contavam com diferentes deuses e deusas. Vêm dessa época os festivais de cheias dos rios, que coincidiam com o período fértil da terra e com as celebrações envolviam a dança, onde a mulher tinha um papel importante por considerada sagrada, pois era somente ela que poderia gerar novas vidas.

Com o passar dos séculos, houve guerras, invasões e muitas mudanças. A dança que antes era realizada somente nos templos, acabou se misturando às danças populares, perdendo seu aspecto sagrado. Começa aí a forte ligação com o povo árabe, que por ser nômade absorveu características de diferentes civilizações, entre as mais importantes estão: Suméria, Mesopotâmia, Babilônia, Egito, Fenícia, Pérsia e Índia. Todas essas civilizações influenciaram de diferentes formas a dança que conhecemos hoje como Dança do Ventre.

A ascensão do patriarcalismo ainda no final do período neolítico enfraqueceu o culto à Grande Deusa. Com a passagem do politeísmo para o monoteísmo se inicia o preconceito contra as dançarinas, pois elas representavam um culto antigo, baseado em uma cultura que não era mais aceita. O homem descobriu então, que as mulheres não geravam os filhos sozinhas ou com o auxílio dos deuses, assim elas passam de sagradas para propriedades de seus maridos, deixam de ser vistas como um ser auto-suficiente, necessitando sempre da proteção do seu pai ou esposo.

A dança conseguiu sobreviver, graças ás mulheres que passaram a viver nos haréns e usavam a dança como forma de entretenimento. As escravas que sabiam dançar valiam muito, pois podiam entreter os convidados durante recepções, no Egito pós-islâmico, a dança era realizada nas praças, em troca de dinheiro e atualmente é utilizada principalmente como forma de entretenimento, como diz Bencardini: “Nem tão sagrada, nem tão profana, a dança do ventre é hoje apenas uma técnica especialmente desenvolvida para o corpo feminino”.

Por ser tão antiga quanto a própria história do homem no Oriente Médio, a dança passou por inúmeras transformações, em diferentes culturas, fazendo surgir diferenças regionais dentro de uma mesma nação, gerando mitos de “certo” ou “errado” dentro desse estilo de dança.

Aulas de Dança do Ventre Informações

0 # Deixe seu comentário: Tecendo a Teia Feminina:

Postar um comentário

"Que as Deusas estejam sempre a tecer e os Deuses estejam ao lado do nosso caminhar"

 

Núcleo da Mulher Espaço Anima Copyright © 2010 Designed by Dtdesigner Dt Designer